Quando tornou público o spoiler “Deus está morto”, Nietzsche acrescentou uma ressalva quase devota: “nós o matamos”.
Quando em 1987 decidiu que “a sociedade não existe”, Margareth Thatcher promulgou coisa ainda mais momentosa: a morte coletiva daquele “nós” – sem culpas ou ressalvas.
Para Thatcher (e para o mundo que agora pensa como ela) existe somente a livre associação de indivíduos que devem viver livres da responsabilidade social num sentido mais amplo.
Numa palavra: a sociedade está morta e não deve ser lamentada, existe apenas o mercado.
Dizemos que mulheres e homossexuais tiveram os seus direitos reconhecidos pela sociedade, mas é possível que sejam apenas tolerados em regime interino pela sua inserção no mercado – enquanto gente como índios e refugiados têm os seus direitos negados porque no mercado não estão.